domingo, 25 de setembro de 2011

Porque comparam nazismo e comunismo?



“Comunismo é nazismo”

Quantas vezes nós, ao entrar numa discussão com os críticos do comunismo, não ouvimos essa besteira?

Todos nós odiamos aquelas estúpidas comparações, difundidas por aquela farsa cinematográfica chamada “The Soviet Story” e papagaiadas por pessoas que tem esperança de que – como diria Goebbels – “uma mentira repetida muitas vezes torna-se verdade”.

Aqui não vou perder meu tempo tentando fazer um paralelo entre as diferenças entre os comunistas e os nazifascistas.

Não vou perder meu tempo refutando aquele argumento de que nazismo só é comunismo porque tem “socialismo” no nome (argumento bem fraco por sinal).

Não vou perder meu tempo explicando que milhões de comunistas se sacrificaram, quer na luta ou na prisão, para livrar nosso mundo da peste nazista.

Não vou perder meu tempo mostrando o como Hitler recebeu dinheiro de instituições privadas como a Volkswagen, ou como os bancos alemães eram privados ou como vários países capitalistas faziam comércio com os alemães.

Não vou perder meu tempo explicando que Henry Ford, um dos maiores industrialistas do Século XX, criador do modelo fordista e primeiro chefe das empresas Ford, era amigo de Adolf Hitler e nem vou perder meu tempo falando sobre “O Judeu Internacional”, o Best-seller de Ford e livro de cabeceira de Hitler.

Ao invés disso, vou mostrar o PORQUÊ de tal comparação. Para isso voltemos á segunda guerra mundial.
Em 1939, Hitler atacou a Polônia sob protestos da Inglaterra e da França – seus ex-amigos que lhe entregaram a Checoslováquia de bandeja.

Só que ele não parou por aí. Também atacou e conquistou a Bélgica, a Dinamarca, a Noruega, os países bálticos, Grécia, Iugoslávia, Albânia, Luxemburgo e, por fim, enquanto a Inglaterra sofria de bombardeios a poderosa França cedeu á Blitzkrieg nazista(não necessariamente nessa ordem).

Não só isso, vários países também saudaram as invasões, facilitando as conquistas de Hitler: Finlândia, Hungria, Eslováquia e Romênia.

Isso pra não citar as campanhas na África do Norte e as conquistas dos japoneses no Pacífico.

Muitas dessas batalhas foram bem breves(*):

Polônia: de 1 de Setembro a 6 de Outubro de 1939 (36 dias)
Bélgica: de 10 a 28 de Maio de 1940(18 dias)
Noruega: de 9 de Abril a 10 de Junho de 1940 (62 dias)
Holanda: de 10 a 17 de Maio de 1940 (7 dias)
Luxemburgo: 10 de Maio de 1940 (no mesmo dia)
Grécia: de 6 a 30 de Abril de 1941 (24 dias)
França: de 10 de Maio a 25 de Junho de 1940 (46 dias)

 Em vários países que caíram sob domínio Hitlerista, os que não fugiam como galinhas (como o Rei da Grécia) colaboravam com o Eixo (como o Rei da Dinamarca).

Por fim, Hitler rompeu o Pacto Molotov-Ribbentrop (**) e atacou a URSS. Só não contava com uma coisa: o espírito guerreiro do socialismo.

A Operação Barbarossa, invasão da URSS pelo eixo, envolveu Alemães, Romenos, Finlandeses, Húngaros e outros países e voluntários fascistas, totalizando 4 milhões de invasores. Apesar disso, as massas soviéticas e o Exército Vermelho, sob a liderança do PCUS e do camarada Stalin, repeliram a invasão, libertaram a Europa Oriental e finalmente chegaram em Berlim em 9 de Maio de 1945 (os outros aliados chegariam somente depois)

Além disso, a liderança antifascista de vários países  pertencia exclusivamente aos comunistas. O homem que libertou a Iugoslávia, Marechal Tito, era comunista até 1948. Os homens e mulheres que combateram os nazistas na Grécia foram organizados pelo PC grego. Kim Il-Sung, que libertou a Coréia dos japoneses, foi comunista até a morte. Mao Tsé-Tung, que combateu os japoneses, foi comunista até a morte. Enver Hoxha, que libertou a Albânia, foi comunista até a morte. Pra não falar que os homens e mulheres que lincharam Mussolini eram todos de esquerda.

Você deve estar pensando: “Eu li até aqui e ainda não li nada que refutasse a comparação comunismo-nazismo”.

A resposta é simples: no fim da Segunda Guerra Mundial, o comunismo estava em alta nos corações e mentes dos povos do mundo. Partidos Comunistas começaram guerras revolucionárias na Malásia, no Vietnã e na Grécia e chegaram ao poder em toda a Europa Oriental. Aqui no Brasil, 11 anos depois de liderar o Levante de 1935, Luís Carlos Prestes foi eleito senador pelo PCB.

Porém, a reação internacional não poderia admitir que os comunistas, seus velhos inimigos de sempre, tivessem toda essa glória. Mas não podiam falar nada, afinal, Hitler (o qual eles nunca odiaram tanto assim) tinha cometido atrocidades inimagináveis.  Muitos países capitalistas tinham sido humilhado pelos hitleristas, sendo somente salvos pelos soviéticos. Por isso eles tiveram de arranjar uma nova estratégia. E arranjaram:

Aproveitando de fábulas anticomunistas como a história da fome na Ucrânia (uma mentira nazista grotesca) e através de vários historiadores e escritores que adoram vender sua pátria por dinheiro, os reacionários começaram a comparar comunistas com nazistas para conseguir impedir o avanço do progresso. Chegaram a pegar um massacre nazista e dizer que foi feito por ordens de Stalin (Katyn).

Enquanto isso, centenas de nazistas entupiam as fileiras dos serviços de inteligência dos EUA, da Inglaterra e da Alemanha Ocidental capitalista. Um dos responsáveis por matar Che Guevara era Klaus Barbie, conhecido como “O carniceiro de Lyon” por suas atrocidades na França ocupada.

Por todo o mundo, há milhares – talvez milhões – de fracassados que tem medo de aceitar a verdade: a Europa e os EUA estão afundando na própria lama e logo irão se afogar nela. O único meio de permanecer no poder é fazer as massas acreditarem que não há nada melhor que o capitalismo (o que não está adiantando)

 Enfim, são basicamente estes os motivos destas comparações: medo de perder seu dinheiro, e medo de admitir que é um inútil. 

Observações:

(*) Aqui as fontes das datas:

http://en.wikipedia.org/wiki/Battle_of_Belgium                                     

(**) O Pacto Molotov Ribbentrop foi uma tentativa da URSS de ganhar tempo para se preparar para uma guerra o qual sabiam que era inevitável. Não foi uma colaboração nazista-soviética, como muitos mentirosos querem que você acredite. Na verdade, o pacto só comprovou o como Stalin e a liderança soviética eram gênios na arte da estratégia militar.

Fonte - Blog AK-47

sábado, 24 de setembro de 2011

A unidade dos operários e as "tendências" dos intelectuais




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A unidade dos operários e as tendências dos intelectuais

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O Tratado de Não Agressão e a vitória sobre o nazismo


O Tratado de Não Agressão e a vitória sobre o nazismo 

Os 21 meses adicionais de preparação da defesa do país que a União Soviética conseguiu após firmar o pacto de não-agressão com a Alemanha, em 1939, permitiram à Humanidade derrotar a barbárie nazista 

CARLOS LOPES 

O mais absurdo - isto é, mentiroso - na difamação promovida sobre o pacto de não-agressão de 1939 entre a URSS e a Alemanha é, como vimos em nossas duas últimas edições na “Nota sobre os falsificadores da história”, emitida pela diplomacia soviética em 1948, a tentativa de atribuir o papel de estimuladores de Hitler ao país que resistiu ao nazismo e, no fundamental, o derrotou.

Bastante interessante é que Churchill - cabecilha assumido das campanhas anti-soviéticas desde a Revolução Russa e, sobretudo, depois da II Guerra - não tinha dúvidas que esse papel coube aos governos inglês e francês. Aliás, é uma questão de justiça reconhecer que Churchill expôs claramente esse papel, tanto antes quanto depois da guerra. Note-se que não se trata apenas – o que já seria muito – do primeiro-ministro da Inglaterra durante o conflito. Churchill era membro do Parlamento inglês desde o longínquo ano de 1900, integrante do Gabinete várias vezes desde 1908, e, além disso, um tetraneto do Duque de Marlborough, talvez a mais importante personalidade política inglesa dos fins do século XVII e inícios do século XVIII. Em suma, Churchill era um perfeito membro do establishment britânico.

No primeiro volume de suas memórias da II Guerra Mundial, publicado pela primeira vez em 1948, Churchill transcreve a parte mais importante do discurso pronunciado pelo Comissário do Povo da URSS para as Relações Exteriores, Maxim Litvinov, na Liga das Nações, a 21 de setembro de 1938, uma semana antes que a Inglaterra e a França, em Munique, entregassem a Tchecoslováquia à sanha de Hitler. Dizia o ministro soviético:

Quando, dias antes de embarcar para Genebra [sede da Liga das Nações], o governo francês indagou pela primeira vez qual seria a nossa atitude na eventualidade de um ataque à Tchecoslováquia, dei, em nome de meu governo, a seguinte resposta, perfeitamente clara e sem ambiguidade:

Pretendemos cumprir nossas obrigações nos termos do Tratado [de Assistência Mútua entre a França, a Tchecoslováquia e a URSS] e, juntamente com a França, oferecer ajuda à Tchecoslováquia pelos meios que estiverem à nossa disposição. Nosso Ministério da Guerra está pronto a participar, imediatamente, de uma conferência com representantes dos Ministérios da Guerra francês e tchecoslovaco, para discutir as medidas adequadas ao momento.

Há apenas dois dias, o governo tchecoslovaco dirigiu ao meu governo uma indagação formal, para saber se a União Soviética está disposta, de acordo com o Tratado Soviético-Tcheco, a fornecer ajuda imediata e efetiva à Tchecoslováquia, caso a França, fiel aos seus deveres, preste uma ajuda semelhante, indagação a qual o meu governo deu uma clara resposta afirmativa”.

Winston Churchill faz o seguinte comentário ao discurso de Litvinov:

Essa declaração pública e irrestrita, por parte de uma das maiores nações interessadas, não teve nenhuma influência nas negociações de Chamberlain [com Hitler, em Munique] ou na condução francesa da crise. A oferta soviética foi ignorada. Não foi posta na balança contra Hitler e foi tratada com uma indiferença - para não dizer desdém - que deixou marcas na mente de Stalin. Os acontecimentos seguiram o seu curso como se a Rússia Soviética não existisse. Mais tarde, pagaríamos caro por isso” (Churchill, “The Gathering Storm”, Bantam Books, NY, 17ª imp., setembro/1961, págs. 272/273, grifos nossos).

O que Churchill chama de “marcas na mente de Stalin” é a crescente e muito justa - porque correspondia à realidade - convicção soviética de que a política anglo-francesa consistia em atirar a Alemanha contra a URSS.  Com efeito, depois que a Inglaterra e a França entregaram aos nazistas a região tcheca dos Sudetos, essa conclusão era inevitável para todos – e não somente para Stalin.

Os Sudetos são uma cadeia de montanhas. Como observou William Shirer, não apenas essa cadeia é a defesa natural da Tchecoslováquia contra uma invasão alemã, mas, em 1938, todas as instalações militares tchecas que poderiam se opor à agressão estavam nessas montanhas. Assim, os governos inglês e francês entregaram a Hitler as próprias defesas da Tchecoslováquia - defesas que, como relata Shirer, os generais alemães, posteriormente, comprovaram que não tinham, naquele momento, como quebrá-las ou passar por elas. E, além disso:

Olhando retrospectivamente, e com o conhecimento que possuímos dos documentos secretos alemães e do testemunho de após guerra dos próprios alemães, o seguinte resumo (....) pode ser feito: A Alemanha não estava em condições de ir à guerra a 1º de outubro de 1938 contra a Tchecoslováquia, a França e a Inglaterra, para não mencionar a Rússia. Se fosse, teria sido rápida e facilmente derrotada, o que significaria o fim de Hitler e do Terceiro Reich. Se uma guerra europeia tivesse sido declarada, no último momento, pela intercessão do Exército Alemão, Hitler podia ter sido derrubado (....) pela execução do plano de prendê-lo logo que tivesse dado a ordem final para o ataque à Tchecoslováquia” (William L. Shirer, “Ascensão e Queda do III Reich”, Volume 2, Civilização Brasileira, 3ª ed., 1963, trad. de Pedro Pomar, págs. 206 a 210, grifos nossos).

Realmente, o comando do Exército alemão considerava, nessa época, que uma guerra europeia, para a Alemanha, seria uma loucura - e chegou a fazer planos de prender Hitler, se a guerra fosse deflagrada. Porém, a capitulação inglesa e francesa em Munique fez com que Hitler adquirisse uma súbita popularidade (e uma fama de genialidade...) no Exército. Em suma, os governos da Inglaterra e da França haviam aberto a porteira para a II Guerra Mundial.

DEBATE 

O primeiro-ministro inglês, Chamberlain, entrou no Parlamento, a 3 de outubro de 1938, bajulado como “o salvador da paz”. A traição de Munique seria aprovada, dois dias depois, por 369 a 150 votos.


Porém, no dia 3, o primeiro orador, um colega de partido e ministro de Chamberlain, o conservador Duff Cooper, Primeiro Lord do Almirantado (ministro da Marinha), renunciou ao Gabinete em protesto contra Munique, encerrando sua intervenção com as seguintes palavras:

O primeiro-ministro deve estar certo. Eu posso assegurar, sr. presidente, com a mais profunda sinceridade, que espero e rezo para que ele esteja certo, mas eu não posso acreditar que ele acredite nisso. Lembro que quando nós estávamos discutindo o ultimatum de Godesberg [de Hitler ao governo tcheco] eu disse que, se tomasse parte em persuadir, ou mesmo sugerir, que o governo tchecoslovaco deveria aceitar esse ultimatum, eu nunca seria capaz de novamente levantar a minha cabeça... Eu arruinei, talvez, a minha carreira política. Mas isso tem pouca importância; eu retive algo que é para mim de grande valor - eu posso ainda andar pelo mundo com minha cabeça ereta” (cf. a ata da sessão em “Parliamentary Debates”, 5th series, vol.339 (1938), transcrito in “Munich: Blunder, Plot, or Tragic Necessity?”, ed. Dwight E. Lee, D.C. Heath and Company, 1970).

Antes da votação final, a 5 de outubro de 1938, Churchill subiu à tribuna. Citaremos extensamente o seu pronunciamento pelo que ele revela do papel dos governos inglês e francês no estímulo a Hitler:

...Começarei por dizer o que todo mundo gostaria de ignorar ou esquecer, mas que deve, entretanto, ser dito, a saber - sofremos uma derrota total e consumada, e a França sofreu uma derrota ainda maior do que nós”.

Foi interrompido pela Viscondessa de Astor, que gritou “non sense!”. Mas Churchill prosseguiu:
“O máximo que o meu muito honorável amigo primeiro-ministro conseguiu, com respeito à Tchecoslováquia e às pretensões do ditador alemão...”

“Foi a paz! Foi a paz!”, gritaram, em coro, parlamentares do seu próprio partido.
O orador retomou a palavra:

O máximo que ele foi capaz de conseguir para a Tchecoslováquia, e os assuntos que estavam em disputa, foi que o ditador alemão, ao invés de trinchar ele mesmo a sua comida na mesa do banquete, ficasse satisfeito por ter-lhe sido servida, prato por prato, pelo primeiro-ministro.

Chego ao ponto da salvação da paz. (....) não compreendo claramente porque podia haver tanto perigo de que a Inglaterra e a França viessem a se envolver numa guerra com a Alemanha se ambas estavam prontas para sacrificar a Tchecoslováquia. (....) Não se pode prever a possibilidade de uma luta quando um dos lados está determinado a ceder em tudo.

Quando essa decisão foi tomada (….) estava já estabelecido em princípio que não seria promovida a defesa da Tchecoslováquia em caso de guerra.

“… a manutenção da paz depende de colocar obstáculos ao agressor (....). A França e a Grã Bretanha juntas, especialmente se tivessem mantido próximo contato com a Rússia, o que certamente não foi feito, teriam sido capazes, quando tinham o prestígio, de influenciar muitos dos pequenos Estados da Europa, e acredito que poderiam ter determinado a atitude da Polônia.
Tudo está acabado. Silenciosa, enlutada, abandonada, despedaçada, a Tchecoslováquia desaparece nas trevas... Ninguém tem o direito de dizer que o plebiscito [nas áreas sob ocupação nazista] é um veredicto de auto-determinação. É uma fraude e uma farsa invocar este nome.

“[A Tchecoslováquia] não está apenas politicamente mutilada, mas, também, econômica e financeiramente em completa confusão. (....) As indústrias estão sendo esquartejadas e o movimento da população, de um lado para outro, é o que há de mais cruel. Os mineiros sudetos, todos tchecos, e cujas famílias viviam nessa área há séculos, devem agora mudar-se para outra área, onde raras minas foram deixadas para os que nelas trabalham. O que ocorreu, nesse particular, é por si só uma tragédia. Há de existir sempre, no coração da Inglaterra, um arrependimento e um profundo sentimento de desolação, diante do infortúnio que caiu sobre a República da Tchecoslováquia. Mas o seu sacrifício, é preciso que saibamos, não terminou ainda. A qualquer momento, deve iniciar-se uma nova etapa do programa. A qualquer momento, a uma ordem de Hitler ou de Goebbels, pode recomeçar a campanha de calúnias e mentiras. A qualquer momento um incidente pode ser provocado, como pretexto para a conquista total. Agora, que a linha fortificada foi abandonada, o que poderá conter a vontade do conquistador? (….) o Estado tchecoslovaco não poderá se manter como Estado independente. (....) a Tchecoslováquia será, então, absorvida pelo regime nazista, deixando-se, possivelmente, empolgar pelo desespero e pelo desejo de vingança. (....) Isso representa a mais grave consequência de tudo quanto fizemos e deixamos de fazer nos últimos cinco anos. Tais são os assuntos que vim expor neste momento e que assinalam a conduta imprevidente pela qual a Inglaterra e a França terão que pagar.

Quando penso nas caras esperanças de paz duradoura que ainda existiam na Europa no início de 1933, quando Herr Hitler obteve a primeira investidura no poder, e em todas as oportunidades de barrar o crescente poder nazista então fácil de esmagar, quando penso nas imensas possibilidades e nos recursos que foram desperdiçados ou negligenciados, não posso acreditar que exista caso paralelo em toda a história dos povos. Tanto quanto toca a este país, a responsabilidade deve ser lançada sobre aqueles que tinham então o controle indisputável dos nossos negócios políticos. Esses homens de Estado nunca impediram a Alemanha de se rearmar (....). Querelaram com a Itália, sem no entanto salvar a Abissínia [invadida por Mussolini]. Exploraram e desacreditaram a vasta instituição da Liga das Nações e se esqueceram, negligentemente, de fazer alianças e combinações que poderiam ter corrigido os erros anteriores.

Estamos diante de um desastre de grande magnitude, desastre em que a Inglaterra e a França são atingidas em cheio. (....) O exército alemão, atualmente, é mais numeroso que o da França e, segundo creio, mais preparado. No próximo ano, tornar-se-á ainda maior, em número, e mais capaz, em técnica. (....) a Alemanha nazista poderá escolher livremente qual o caminho que lhe interessa seguir, em qual direção quer fazer marchar as suas tropas. Se o ditador nazista olhar para o nosso lado, a Inglaterra e a França muito terão a deplorar a perda desse fino exército da antiga Boêmia [Tchecoslováquia], que, segundo as estimativas da última semana, exigiria pelo menos trinta divisões alemãs para o total aniquilamento” (“Parliamentary Debates”, ibidem, cotejado com a versão revisada pelo orador - Churchill, “Sangue, Suor e Lágrimas”, vol. I, Ed. Opera Mundi, 1973, trad. R. Magalhães Junior, págs. 117-129, grifos nossos).


MOSCOU 

Chamberlain falou em seguida. Sua resposta foi uma acusação - proferida em débil tom, e de forma enviesada - de que seu oponente queria a guerra. A rigor, o primeiro-ministro transferia a responsabilidade de Hitler para Churchill.

Cinco meses depois desse debate, os nazistas, desprezando as garantias dadas à Tchecoslováquia pela Inglaterra e França, ocuparam o que restara do país, entrando em Praga a 15 de abril de 1939. Nem Londres nem Paris fizeram absolutamente nada para honrar a palavra dada ao governo tcheco.
No dia seguinte, a União Soviética propôs à França e à Inglaterra uma aliança militar contra a Alemanha. Em suas memórias, Churchill comenta:

...não há dúvida, mesmo em retrospectiva, que a Grã-Bretanha e a França deviam ter aceito a oferta russa (....). Mas o sr. Chamberlain e o Ministério das Relações Exteriores ficaram perplexos (....). A aliança entre a Grã-Bretanha, a França e a Rússia teria causado uma profunda comoção no coração da Alemanha em 1939, e ninguém pode provar que, ainda nessa época, a guerra não pudesse ter sido evitada” (Churchill, “The Gathering Storm”, ed. cit., pág. 324).

Somente três meses depois, a 25 de julho de 1939, com a opinião popular na Inglaterra e na França revoltada com a ocupação da Tchecoslováquia, os governos desses países aceitaram as conversações com a URSS. Nessa altura, os alemães já haviam transferido a maior parte das suas tropas para a fronteira polonesa, onde pretendiam realizar - e, com efeito, realizaram - o próximo ataque.

No dia seguinte, 26 de Julho de 1939, o governo alemão propôs à URSS um acordo de não-agressão. Mas o governo soviético, esperando as negociações com a Inglaterra e a França, não respondeu aos alemães. Estes insistiram nas semanas seguintes, sempre com a mesma reação soviética. Os alemães ofereciam à URSS a renúncia de suas pretensões sobre a Lituânia, Letônia e Estônia e a retirada das tropas que haviam ocupado a cidade lituana de Memel, considerada por eles como parte da Prússia Oriental. Os soviéticos, mais uma vez, não responderam - e ofereceram ajuda militar à Polônia em caso de agressão, que foi recusada pela ditadura feudal polonesa, na decisão mais desastrosa da história do país.

Enquanto isso, as delegações inglesa e francesa que iriam negociar com a URSS levavam 18 dias para chegar a Moscou... E quando chegaram, a 12 de agosto, apenas 20 dias antes da agressão nazista à Polônia, declararam que não tinham recebido poderes dos seus governos para negociar uma aliança militar ou de qualquer outra natureza com a URSS. Os chefes das delegações inglesa, almirante Drax, e francesa, general Doumenc, disseram ao chefe da delegação soviética, marechal Voroshilov, Comissário do Povo para a Defesa, que suas instruções eram as de examinar “uma hipótese”. 

Voroshilov, naturalmente, sugeriu aos ingleses e franceses que pedissem, por telegrama, os devidos poderes aos seus governos, o que foi aceito pelas delegações.

A URSS considerava, há muito, que os alemães, cedo ou tarde, atacariam o país. Sem a Inglaterra e a França, a questão era ganhar tempo que permitisse ao país estar melhor preparado para a guerra. No mesmo dia em que as delegações inglesa e francesa declararam que não tinham poderes para negociar um acordo, o governo soviético comunicou ao governo alemão que aceitava empreender negociações com vistas a um pacto de não-agressão - como vimos na edição passada, França e Inglaterra já tinham assinado pactos de não-agressão com os alemães.

Os governos inglês e francês só responderam aos telegramas de suas delegações três dias depois - negando poderes a elas para firmar um acordo com a URSS. Os soviéticos ainda fizeram uma última tentativa: Voroshilov declarou que o governo soviético colocava à disposição de uma aliança com a Inglaterra e a França, 136 divisões, uma artilharia pesada de 5.000 canhões, um contingente blindado de 9.000 tanques e uma força aérea de 5.000 aviões. Não houve resposta da Inglaterra e da França.

Dez dias após a chegada das delegações inglesa e francesa a Moscou, no dia 22 de Agosto de 1939, as conversações se encerraram por falta de propostas da Inglaterra e da França. Nesse mesmo dia, repentinamente, o governo francês concedeu poderes ao general Doumenc para assinar um acordo com a URSS. Uma explicação para essa mudança foi aventada por Mário Sousa, em seu artigo de 1999, “O tratado de não agressão mútua entre a União Soviética e a Alemanha”:

O interesse repentino da França pelas negociações (e a proposta renovada pela Alemanha de um tratado de não agressão…) terá talvez a sua origem no fato de que nesta altura o exército imperial japonês invasor da Mongólia estava a ser totalmente aniquilado pelos exércitos da União Soviética e da Mongólia. Entretanto, no ato da entrega dos seus novos poderes ao marechal Voroshilov, o general Doumenc foi obrigado a reconhecer que a delegação inglesa não tinha obtido plenos poderes do seu governo e que a sua participação na aliança militar não se iria verificar”.

Sem a Inglaterra, com sua influência na Europa Central e seu poder naval, a aliança contra a Alemanha era, evidentemente, impossível.

Depois da entrevista de Voroshilov com o general Doumenc, o governo soviético comunicou à Alemanha que resolvera assinar o pacto de não-agressão. Logo no dia seguinte, 23 de agosto, Ribbentrop, o ministro das Relações Exteriores alemão, já estava em Moscou para firmá-lo.

Uma vez mais, foi o anti-comunista Churchill quem fez a melhor consideração sobre as mudanças geo-políticas introduzidas pelo acordo da URSS com a Alemanha. Segundo ele, essas mudanças eram “absolutamente necessárias para a segurança da Rússia em relação à ameaça nazista”.

Além disso, nos 21 meses que o pacto permitiu adiar a agressão nazista, a URSS aumentou o ritmo de sua indústria de defesa – que cresceu, nesse período, a uma taxa de 39% ao ano (bem mais que o conjunto da economia, que cresceu a 13% a.a.), mostrando que esse intermezzo foi muito bem aproveitado. Fábricas da Ucrânia, Bielo-Rússia e Rússia ocidental foram transferidas para os Urais e outras localidades no interior do país, constituindo a retaguarda industrial que permitiu a vitória contra o nazismo. Por fim, o contingente do Exército Vermelho foi aumentado para 5 milhões de membros. No artigo que mencionamos acima, o autor chega a uma conclusão que é inescapável: “O Tratado de Não Agressão foi a base que possibilitou à União Soviética vencer a segunda guerra mundial, destruir a Alemanha nazi e libertar o mundo da barbárie nazi” (Sousa, art. cit.).

domingo, 18 de setembro de 2011

Figuras do Movimento Operário - Stálin, José Visarionovich




Figuras do Movimento Operário
Stálin, José Visarionovich

Rosenthal e Yudin



Stálin é o genial teórico e guia do proletariado mundial, grande companheiro de armas e amigo de Lénin, continuador da doutrina e da causa de Marx, Engels e Lénin. Nasceu a 21 de dezembro de 1879, no povoado de Gory, província de Tiflis. Seu pai, camponês de origem, mas sapateiro de profissão, foi posteriormente operário de uma fábrica de calçados.

Stálin entrou para o movimento revolucionário aos 15 anos, ligando-se aos grupos clandestinos dos marxistas russos que atuavam na Transcaucásia e, em 1889, tornou-se membro da organização de Tiflis do Partido Operário Social Democrata Russo.

No grupo "Mesame-Dasy", primeira organização social-democrata georgiana, Stálin, juntamente com Ketzjoveli e Tsulukidze, representava a corrente do marxismo revolucionário, opondo-se à maioria oportunista do "Mesame-Dasy". Nesse tempo já era Stálin um marxista formado e pregava magistralmente a teoria marxista entre Os círculos operários. Devido à propaganda do marxismo foi expulso do Seminário.

Desenvolvendo sua atuação revolucionária, Stálin manifestou-se logo ardente partidário da "Iskra" leninista. Por sua iniciativa e de Ketzjoveli começou-se a editar o primeiro periódico social-democrata georgiano ilegal "Brdsola" ("Luta").

Em 1901, Stálin foi eleito membro do Comitê de Tiflis do P.O.S.D.R., por cujo cargo, pouco depois mudou-se para Batum, onde se pôs em contacto com os operários avançados, criou e dirigiu círculos, instalou uma imprensa ilegal; escrevia volantes, dirigia as greves nas fábricas de Batum e, a 9 de março de 1902, organizou a famosa demonstração política dos operários de Batum. A 5 de abril do mesmo ano, Stálin foi preso e recolhido ao cárcere de Batum e, em fins de novembro de 1903, condenado a 3 anos de desterro, na Sibéria Oriental, na aldeia de Novaia Uda, do distrito de Balagan, província de Irkutsk.

Nem no cárcere, nem no desterro suspendeu Stálin sua atividade revolucionária. Em 1903, no desterro, recebeu ele a primeira carta de Lénin.

Depois de sua fuga do desterro, despendeu Stálin grande energia para realizar o plano leninista de construir um partido marxista de novo tipo e travou uma luta tenaz contra os menchevistas e os que se conciliavam com eles.

Em dezembro de 1904, Stálin dirigiu a grandiosa greve dos operários de Bakú, que foi "às vésperas da grande tempestade revolucionária, como o raio que precede à tormenta." (História do P. C. (b) da (U.R.S.S., Compêndio). Ao mesmo tempo que realizava um imenso trabalho na imprensa, organizou, em plena justeza com a linha de Lénin, a luta pelo III Congresso. Criou o periódico "Luta do Proletáriado", órgão da Federação Caucasiana do P.O.S.D.R., que apareceu em três idiomas: russo, georgiano e armênio. Lénin tinha em grande conceito este periódico. Em alguns de seus trabalhos: "Como a social-democracía entende o problema nacional?", "A classe dos proletários e o partido dos proletários", "Alguma cousa sobre as divergências no Partido", e no artigo "Resposta a um social-democrata" — do que Lénin escrevia, que "dá uma noção formidável do problema sobre a famosa "introdução da consciência desde fora" — Stálin intervém em defesa dos princípios ideológicos e organizativos leninistas do Partido de novo tipo.

Durante os anos da primeira revolução russa (1905-1907), Stálin dirige a luta dos bolchevistas da Transcaucásia com estratégia e a tática leninista, contra os menchevistas, os social-revolucionários, e os partidos nacionalistas pequeno-burgueses.

Em dezembro de 1905, Stálin é delegado dos bolchevistas transcaucasianos à I Conferência bolchevista de toda a Rússia, em Tammerfors (Finlândia). Ali, pela primeira vez, conheceu pessoalmente Lénin.

Em uma série de artigos de 1905 e, particularmente nos intitulados "A insurreição armada e nossa tática" e "A reação cresce", bem como em "Anotações de um delegado", escritos por Stálin após seu regresso do V Congresso (Londres), faz Stálin, magistral defesa das posições táticas do bolchevismo. Em 1906-1907, sob um único título de "Anarquismo ou Socialismo", foram publicados os artigos de Stálin dedicados à defesa e a ulterior elaboração dos fundamentos da concepção filosófica do partido marxista: o materialismo dialético e o materialismo histórico.

Durante os anos da reação depois da derrota da revolução de 1905-1907, Stálin sustentou um imenso trabalho para a construção e consolidação da organização ilegal do Partido e para a preparação do novo ascenso revolucionário. O centro de sua atuação nesse período era Bakú, onde organizou com êxito a luta pela conquista das massas operárias sob a bandeira do bolchevismo e pelo esmagamento dos menchevistas das regiões operárias.

Em 25 de março de 1908, Stálin foi detido e, depois de oito meses de prisão, foi deportado por dois anos para a província de Vologod, em Solvichegodsk. Mas a 24 de junho de 1909 fugiu do desterro e regressou a Bakú, para o trabalho ilegal. A 23 de março de, 1910, foi outra vez detido e após seis meses de cárcere, desterrado de novo para Solvichegodsk. No verão de 1911, Stálin fugiu novamente do desterro para Petersburgo (hoje Leningrado), onde sustentou a luta contra osliquidacionistas e os trotskistas, unindo e consolidando a organização bolchevista. A 9 de setembro de 1911, foi preso e deportado para a província de Vologod. A Conferência do Partido de toda a Rússia, celebrada em Praga, que expulsou osmenchevistas do Partido e fundamentou a existência autônoma do Partido Bolchevique, e, sob proposto de Lénin, elegeu Stálin, ausente, membro do C. C. e criou o Bureau Russo do C. C, cuja direção foi entregue a Stálin.

A 29 de fevereiro de 1912, fugindo do desterro de Vologod, Stálin visitou por determinação do C. C. as regiões mais importantes da Rússia, preparou o 1° de Maio desse ano, escreveu o conhecido manifesto do C. C. para o 1° de Maio, dirigiu o periódico "Estrela". Sob sua direção, preparou-se o primeiro número do periódico "Pravda" que foi criado por sua iniciativa, de acordo com as indicações de Lénin. Mas a tarefa de Stálin, sempre perseguido pela polícia tzarista foi pouco depois interrompida novamente por outra prisão, que teve lugar a 22 de abril de 1912. No cárcere permaneceu recluso vários meses, ao cabo dos quais foi deportado para o território de Narim, por três anos, Em 1° de setembro de 1912, Stálin fugiu do desterro e regressou a Petersburgo, onde dirigiu os periódicos "Estrela" e "Pravda", e a atividade dos bolchevistas na campanha eleitoral à V Duma do Estado, intervindo nos motins operários. Escreveu o famoso "Mandato dos Operários de Petersburgo a Seu Deputado Operário", que Lénin qualificou como um documento "sumamente importante". Todo o trabalho de Stálin se realizou em estreito contacto com Lénin.

Em 1912-1913, Stálin escreveu sua obra "O Marxismo e o Problema Nacional", sobre o qual Lénin escrevia que na literatura teórica marxista, dedicada ao problema nacional, "em primeira linha... se destacam os artigos de Stálin."

A 23 de fevereiro de 1913, Stálin foi novamente preso e desterrado por quatro anos para o território de Turujan. Mas também, neste longínquo desterro, Stálin resolve de uma maneira leninista todos os problemas essenciais da guerra, da paz e da revolução. Em dezembro de 1916 foi êle transferido para Krasnoiarsk e depois para Achinsk, onde recebeu a notícia da revolução de fevereiro e de onde marchou para Petrogrado. Em uma série de artigos, Stálin expôs aos bolchevistas, as tarefas traçadas, defendeu a política de desconfiança ao Governo Provisório, manifestou-se contra o espírito de defensiva, chamando-os à luta ativa contra a guerra imperialista e contra o oportunismo.

Em Petrogrado, Stálin, junto com Lénin, ao regressar este do exílio, dirigiu a luta dos bolchevistas na nova etapa histórica.

Na Conferência de Abril, traçaram ambos a orientação da luta pela transformação da revolução democrático-burguesa em revolução socialista, lutando contra a posição traidora de Kamenev, Rikov e Bukharin. Nessa Conferência, Stálin como informante, interveio sobre o problema nacional. Em maio de 1917 foi Stálin eleito membro do Bureau Político do C.C., criado então, tendo sido reeleito, invariavelmente desde aquela época. O período que corre da revolução democrático-burguesa de Fevereiro à Grande Revolução Socialista de Outubro foi o de mais intensa atividade para Stálin. Sob sua direção, por indicação indicação de Lénin, foi realizada a tarefa do VI Congresso, que orientou o Partido à insurreição armada, até a revolução socialista. Neste Congresso, Stálin protestou energicamente contra a proposta traidora de Kamenev, Rikov eTrotski sobre o comparecimento de Lénin ao tribunal da contra-revolução. O VI Congresso apoiou a opinião de Stálin e a vida de Lénin foi salva. Desmascarou ainda, nesse Congresso, aos trotskistas que apresentaram teses contra-revolucionárias, da impossibilidade do triunfo do socialismo na URSS.

Nas sessões históricas do C.C. do Partido de 10 a 16 de outubro, Stálin interveio contra Kamenev e Zinoviev, defendendo a resolução apresentada por Lénin sobre a insurreição armada. Stálin encabeça a chapa eleita pelo Comitê Central para dirigir a insurreição, e sob sua direção, foi elaborado o plano da mesma. Junto com Lénin foi o organizador da Grande Revolução Socialista de Outubro. Vitoriosa, a Revolução fez parte do primeiro Conselho de Comissários do Povo, dirigido por Lénin.

A nova etapa na história do Partido Comunista (b), começando desde o advento dos bolchevistas ao Poder, está relacionada com as novas páginas, extraordinariamente luminosas da atuação de Stálin como organizador das vitórias nas frentes de batalha durante a guerra civil, como teórico do Partido e dirigente de povos, como grande estadista e genial transformador do país.
Desde os primeiros dias de existência do Governo Soviético, ocupou Stálin os cargos de maiores responsabilidades no Estado, exercendo já no primeiro Conselho de Comissários do Povo o cargo de Comissário de Assuntos das Nacionalidades, e, desde 1919, também o de Comissário do Povo do Controle do Estado.

Nos dias de Brest-Litovski atuou com Lénin contra os traidores Trotski e Bukharin, defendendo a paz a fim de consolidar a República Soviética.
Excepcionais são os méritos de Stálin na criação e construção do Exército Vermelho e na organização do esmagamento dos intervencionistas e da contra-revolução interna durante os anos da guerra civil. Ao nome de Stálin estão ligados os triunfos do Exército Vermelho em todas as frentes decisivas: a defesa de Tsaritsin, a derrota de Koltchak e de Denikin, realizada plenamente dentro do plano proposto por ele, a defesa de Petrogrado (Leningrado), a vitória sobre os "panis" polaco e a destruição de Wrangel.

Em 1919, por proposta de Lénin, foi condecorado com a ordem da Bandeira Vermelha, devido à sua abnegação às lutas das frentes, durante a guerra civil. Em 1922, por indicação de Lénin, Stálin foi eleito Secretário Geral do Comitê Central do Partido Comunista (bolchevique) da URSS e desde essa época ocupa esse cargo.

Grandes são os seus méritos na criação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. A decisão histórica adotada sobre a formação da URSS foi proposta de Lénin e Stálin (30 de dezembro de 1922 no I Congresso dos Soviets de toda a Rússia). Depois da morte de Lénin (21 de janeiro de 1924), o núcleo leninista do Comitê Central, e todo o Partido Bolchevista se unem em torno de Stálin, o mais fiel e firme continuador da obra de Lénin, Em nome do Partido Bolchevista, Stálin jurou sobre a tumba de Lénin seguir os seus ensinamentos e cumprir seus legados.

Sustentando uma luta tenaz contra os trotskistas, Stálin uniu o Partido sob a bandeira do leninismo. Excepcional importância tem o livro de Stálin, publicado em 1924, "Sobre os Fundamentos do Leninismo", que é uma magistral exposição e uma fundamentação teórica muito séria do leninismo, que armou e continua hoje armando aos bolchevistas do mundo inteiro com a arma aguçada da teoria marxista-leninista" (História do P. C. (b) da URSS, Compêndio). No esmagamento do trotskismo teve grande importância o trabalho de Stálin publicado no mesmo ano, "A Revolução de Outubro e a Tática dos Comunistas Russos", dando uma síntese teórica das experiências da Grande Revolução Socialista de Outubro. Nesse trabalho, continua Stálin desenvolvendo a teoria leninista da possibilidade do triunfo do socialismo na URSS, examinando os dois aspectos deste problema: o das condições internas que dão a possibilidade de construir a sociedade socialista na URSS e o das condições externas, das quais depende a vitória definitiva do socialismo na URSS. E Stálin não só deu uma fundamentação teórica completa da possibilidade do triunfo do socialismo na URSS como também traçou os caminhos e meios para alcançá-lo. Stálin desenvolveu as idéias de Lénin sobre a industrialização socialista do país e a coletivização da economia rural, elaborando os planos concretos para tão gigantesca tarefa. E defendeu a idéia da industrialização e da coletivização, dentro de uma luta resoluta contra os trotskistas e bukarinistas que resistiam furiosamente à política do Partido. Sob a direção de Stálin, o Partido conseguiu, porém, criar com êxito as bases da economia socialista. Em fevereiro de 1930, foi Stálin, por propostas dos operários e camponeses, condecorado com a segunda ordem da Bandeira Vermelha, por seus grandes méritos à frente da edificação socialista.

Stálin é o criador da Constituição da sociedade socialista, cuja fundamental importância está esboçada claramente no seu informe ao VIII Congresso Extraordinário dos Soviets da URSS A nova Constituição da URSS era a expressão pura de que a URSS entrara numa nova fase de seu desenvolvimento, a fase do término da construção da sociedade socialista sem classe e de que caminhava paulatinamente até ao comunismo. Estas conquistas de significação histórica universal, que tornaram o socialismo uma realidade viva, foram alcançadas sob a direção de Stálin.

O Compêndio de História do PC (b) da URSS, publicado por iniciativa de Stálin e com sua participação direta, teve um grande papel na educação ideológica dos quadros do Partido e do Estado e enriqueceu o Partido com as experiências genialmente sintetizadas de toda a sua riquíssima história. O trabalho "Sobre o Materialismo Dialético e o Materialismo Histórico", escrito por Stálin para essa História, eleva a um novo grau superior o materialismo dialético. De acordo com a nova fase de desenvolvimento que se iniciava na URSS, Stálin expôs, em seu informe ao XVIII Congresso do PC (b) da URSS o grandioso programa da luta pela realização da passagem gradativa para a fase superior do comunismo; planejou a tarefa de igualar e superar nos próximos 10 a 15 anos, inclusive economicamente, aos países capitalistas mais adiantados; fundamentou a possibilidade de construir o comunismo na URSS, nas condições do cerco capitalista; continuou o desenvolvimento da teoria de Marx, Engels, Lénin sobre o Estado. Stálin em seus trabalhos teóricos desenvolveu e propagou todos os princípios integrantes do marxismo-leninismo: a filosofia, a economia política, o comunismo científico. Enriqueceu ainda o materialismo dialético e o materialismo histórico com uma síntese filosófica da gigantesca prática histórica dos fins do século XIX e a primeira metade do século XX, com a síntese das extraordinárias experiências dos muitos anos de luta do Partido Bolchevista. Excepcionalmente grande é a contribuição de Stálin à teoria leninista sobre o imperialismo e sobre a possibilidade do triunfo do socialismo em um só país e a impossibilidade de seu triunfo simultaneamente em todos os países. Analisou profundamente as novas formas de luta de classes, engendradas na época da ditadura proletária, assinalou com a sua atuação um genial modelo de direção da política exterior do Estado Socialista nas condições do cerco capitalista, armou o Partido com o conhecimento das leis da luta política, da construção do comunismo. Stálin desenvolveu a teoria leninista no Partido, descobriu as leis que regem seu desenvolvimento interno; elevou cada vez mais a idéia de Lénin sobre a democracia interna do Partido, sobre o papel e o significado dos seus quadros; aprofundou a ciência leninista sobre a direção das massas, sobre as relações do Partido com o povo.

No seu 60.° aniversário, por deliberação dos povos da URSS, o Presidium do Soviet Supremo da URSS concedeu a Stálin o título de Herói do Trabalho Socialista com a entrega do Ordem de Lénin, pelos seus excepcionais e inestimáveis méritos aos povos da União Soviética e à humanidade trabalhadora.

Fonte: Problemas - Revista Mensal de Cultura Política nº 5 - Dezembro de 1947 . 

Fonte - Marxists.org

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