quarta-feira, 23 de julho de 2014

Kruschev mentiu, Bertone também!


No artigo Kruschev não mentiu sobre Stálin, Bertone Sousa elenca seus argumentos para supostamente criticar...Grover Furr!

Primeiro, ele cita o Relatório Kruschev. Bertone, leia o Relatório, meu amigo. Ele expressamente inocenta os réus dos Processos de Moscou, mas, ao contrário de você, ele diz claramente que Bukharin, Trotsky e outros eram anti-leninistas (como aliás, é você) e que Stálin estava certo ao combatê-los. Você concorda??? Kruschev não ousou negar que Stálin tenha sido marxista, embora posteriormente tenha passado a insultá-lo, chamando de explorador de jogos de azar, assassino, etc.

O objetivo de Kruschev não era exatamente atacar Stálin, mas criar uma nuvem de fumaça para esconder a restauração do capitalismo.


Depois você me vem com a carta ao congresso de Lênin. Essa carta chama Trotsky de falso bolchevique e sujeito vaidoso, preocupado com questões administrativas meramente (em outros termos, burocrata). Você CONCORDA??? Essa carta levanta discussões absolutamente superadas em 56. Stálin foi eleito para seu cargo, não foi "quem indica" de Lênin. Lênin demonstrou um fraco por aqueles que estiveram com ele no exílio, por isso sua paciência infinita e indulgência com as trapalhadas de Trotsky. Enquanto Lênin estava no exílio, o organizador do partido que permaneceu na Rússia, sendo preso sucessivamente, era Stálin.

Mais adiante, Bertone, você dá outro salto. Até aqui, você estava tentando se travestir de super bolchevique, leninista, marxista autêntico. A partir de um certo ponto, você passa a defender Kautsky, a quem Lênin renegou, chamou de canalha e falsificador do marxismo.


Para ele, o alvo principal de Stálin não era a destruição do capitalismo, mas da democracia e das organizações políticas e econômicas dos trabalhadores. Sem dúvida, o modelo de governo bolchevique serviu de inspiração a seus inimigos fascistas e nacional-socialistas na construção de um Estado total.

O truque aqui é colocar Kautsky, que na hora H, achou que Hitler era um mal menor que Stálin, como o revolucionário verdadeiro.  A ideia é aproximar leninismo de nazismo e colocar Stálin como conservador e não um radical. É o truque de Slavoj Zizek. Quem iguala leninismo e nazismo favorece secretamente o nazismo. É o caso de você, Bertone, mas não sei se exalte, você está em boa companhia.


A seguir, você lembra, com acuidade, que Kruschev fazia culto da personalidade de Stálin. Bingo! Kruschev, depois da morte de Stálin --que é tão misteriosa quanto a de Beria, ou seja, ele pode ter sido assassinado...por quem? Pelo grupo de Kruschev! --Kruschev simplesmente INVERTEU O CULTO. Antes, ele organizou o culto da personalidade a contragosto de Stálin, sabendo que com isso o desagradava, como uma forma de prejudicá-lo. Stálin comentou a respeito ainda em vida, mas tolerou o culto, não imaginando que poderia trazer problemas. Nada demais em celebrar os líderes. O que Kruschev fez foi usar o tal argumento do culto da personalidade para decapitar o partido e os líderes. Não à toa, Gorbachev iniciou carreira escrevendo elogios desbragados a Stálin, segundo ele mesmo disse.


Mais adiante, você elogia Richard Pipes, historiador anticomunista e propagandista da Guerra Fria.  Esse sim, é mentiroso como você:



Ora, os bolcheviques realizaram a “revolução socialista” num país economicamente subdesenvolvido, em que o capitalismo mal aprendera a dar os primeiros passos, e tomaram o poder sem acreditar na capacidade revolucionária dos trabalhadores. Foi em consequência disso, em cada estágio de sua evolução, que o regime comunista russo repeliu seus oponentes sem qualquer consideração à doutrina marxista, ainda que disfarçando seus atos mediante slogans marxistas. Lênin foi bem-sucedido, precisamente porque estava livre dos escrúpulos marxistas que inibiram os mencheviques. À vista desses fatos, a ideologia era para ser tratada como um fator subsidiário – uma inspiração e um modo de pensar da nossa classe governante, talvez, mas não uma série de princípios orientadores de suas ações nem um fator que as explique para a posteridade. Só um observador pouco informado a respeito do curso da revolução russa pode inclinar-se a admitir influência dominante às ideias marxistas.


Os bolcheviques provaram ser possível construir um estado socialista num país subdesenvolvido, mas sempre confiaram nas massas, sim. Claro que havia consideração ao pensamento marxista --e não "doutrina"--que vocabulário viciado é esse que você usa..."Doutrina", "slogans". A seguir, recomeçam as críticas veladas a Lênin.

Como José Paulo Netto e como todo bom revisionista, quando você fala em Marx, você é todo elogios. É um santo, é um gênio. Aí você faz culto da personalidade. Quando esse "Marx" abre a boca, convém que ele "fale" justamente aquilo que agrada ao revisionista. É a VERDADE, é "marquicismo genoíno". Quando toca em Lênin, o humor salga. Melhor não aprofundar muito. Já Stálin é "aquela barbaridade". Falar mal de Stálin é o preço que se paga para o marxismo revisionista poder circular. Se falar mal da União Soviética, melhor ainda.

Enfim, no seu texto há uma tensão entre considerar ou não Stálin como continuador de Lênin e um desejo de rejeitar, em bloco, os bolcheviques, o sistema soviético, Lenin e Stálin como um todo (que leva a pensar que são todos iguais).

Enfim, você utiliza o título do livro de Grover Furr, "Kruschev Mentiu", nega, mas não analisa o livro dele, até porque não está disponível em português e você não leu. No entanto, lendo seu texto, dá a entender que Furr não é historiador. No entanto, é você quem critica e acusa sem ler. O livro Kruschev Lied ("Kruschev Mentiu") nem sequer está disponível em português, sendo possível encontrá-lo, no máximo, em galego.

Então, Bertone, seja mais responsável, afinal você é um professor de uma Universidade. Leia o que você pretensamente quer resenhar. Não fique dando a entender algo que não aconteceu ou fingindo que leu, ou seja, garganteando e mentindo.

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